Um novo sistema de armazenamento de frutas e hortaliças promete aumentar em mais de 50% a durabilidade e ainda manter os nutrientes dos produtos, reduzindo os prejuízos da produção no pós-colheita.
Isso só é possível com a redução do nível de oxigênio e aumento do gás carbônico. Com o nome de “atmosfera controlada”, o sistema altera, através de software, o nível dos gases que passam pelas frutas. Para se ter ideia, em um sistema de controle de temperatura tradicional uma maçã dura até sete meses. Com o sistema de atmosfera controlada – já utilizado pela indústria – esse prazo chega a um ano.
“Esse tipo de tecnologia permite não só armazenar, mas também transportar alimentos com prazo maior de vencimento”, afirmou o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Tempe- rado, Rufino Fernando Flores Cantillano.
A Embrapa adquiriu, no começo deste mês, dois sistemas para armazenamento dos produtos. Segundo Cantillano, a ideia é desenvolver pesquisas nos próximos quatro anos para ampliar os alimentos a serem beneficiados e saber o nível mínimo de oxigênio a ser utilizado, visando ampliar ainda mais a durabilidade dos produtos.
Redução das perdas
Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, na sigla em inglês) apontam que as perdas para os produtores no período de pós-colheita variam de 30% a 40% da produção total.
O diretor da Kalfritec, empresa de refrigeração industrial, Altamiro Guimarães, estima que das 1,2 milhão de toneladas anuais da produção de maçã, de 500 a 600 mil toneladas passam pela armazenagem de atmosfera controlada e outras 30 mil toneladas utilizam o sistema de atmosfera controlada dinâmica.
“O que se quer saber é qual o nível mínimo de oxigênio que a fruta consegue sobreviver sem deterioração. Esse novo método é a grande evolução a nível mundial e que se quer ampliar no Brasil”, afirmou.
A diferença entre os dois sistemas é que, na atmosfera controlada, o nível de oxigênio pode chegar até 1,5%, enquanto na atmosfera controlada dinâmica isso chega a 0,5% – o que determina o nível de deterioração do produto.
Essa técnica também pode ser utilizada para outras frutas como pêra, cereja, ameixa, morango. No caso do pêssego, o tempo de conservação aumenta das três semanas no modelo tradicional, para cinco semanas com a atmosfera controlada.
A dificuldade para a adesão em massa dos produtores brasileiros a esse tipo de tecnologia é a falta de mão de obra qualificada, segundo o diretor da Embrapa. “É preciso ter produtores mais capacitados para trabalharem com esse tipo de sistema” disse.
Por outro lado, a evolução da inteligência nos institutos de pesquisas pode dar mais segurança à indústria. “O que se busca agora é que os dados pela Embrapa ofereçam um suporte de segurança maior”, declarou o diretor da Kalfritec, Altamiro Guimarães.
Fonte: Jornal DCI