O número de cartões de crédito cresceu 132% no Brasil entre 2004 e 2011, de acordo com a consultoria de crédito e cobrança GoOn. Com o resultado, o país fica à frente de economias como a do Reino Unido, mas o aumento de 12% da inadimplência do brasileiro nos últimos cinco anos preocupa.
O último número divulgado pelo Banco Central mostra que, em maio, o número de operações feitas com o cartão de crédito em atraso há mais de 90 dias era de 29,5%. Nos Estados Unidos, onde a estatística leva em conta atrasos de mais de 30 dias, a taxa era de 3,11% em fevereiro.
Um estudo da Proteste (Associação Brasileira de Defesa do Consumidor) apontou que 38,1% das famílias afirmaram não conseguir pagar as faturas na data de vencimento, sendo que o gasto médio é de até R$ 500. Com isso, elas entram na modalidade mais cara de endividamento. Em outro levantamento recente, o Proteste mostrou que o juro do cartão de crédito pode chegar a 323% ao ano no país, a maior taxa cobrada entre seis países da América Latina.
O economista da GoOn Breno Costa acha que a taxa de maus pagadores dá sinais de estabilização, mas adverte que não se pode descuidar do índice. “O cenário está bom, com emprego, crédito e renda. O problema é que, mesmo com o cenário bom, a gente viu um recente crescimento da inadimplência. Se alguma coisa sair dos trilhos, aí sim a gente pode ter problemas maiores.”
A preocupação do especialista é válida. Segundo o Proteste, as dívidas comprometem, em média, 42% da renda familiar, sendo que o limite ideal é de 30%. Na avaliação do órgão, esse grau de comprometimento é resultado da combinação entre juros altos, falta de planejamento nas finanças e as facilidades em se obter crédito.
Apesar de alertar para os perigos do aumento de inadimplentes, o estudo da GoOn enxerga um espaço para o aumento nos gastos do cartão de crédito. O Brasil gasta 33,7% do PIB per capita com o cartão de crédito. Reino Unido e Estados Unidos gastam 39% e 45,6%, respectivamente. “Igualar os EUA nos próximos anos é um crescimento expressivo e possível de ser alcançado”, conclui Breno Costa.
Fonte: Época Negócios Online
