Mesmo com a alta inflacionária de 2020, carnes bovinas (16,36%), suínas (31,5%) e queijos (35,55%) sofreram aumento de imposto em janeiro e têm outro programado para abril
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, apresentou alta em dezembro de 2,2% e, assim, o ano de 2020 fechou com uma alta acumulada de 15,02%. A Associação Paulista de Supermercados (APAS) destaca que os principais fatores que contribuíram para este aumento são reflexos da pandemia, como a desvalorização do Real, a exportação de grãos utilizados majoritariamente para ração, como a soja e o milho, o encarecimento dos custos de produção puxado pela alta no preço da energia elétrica, o aumento no custo dos combustíveis impactando o transporte e o aumento expressivo da demanda para o consumo caseiro.
As carnes bovina e suína registraram altas de 16,3% e 31,5%, respectivamente. Como fatores de aumento dos preços, o crescimento dos custos de produção, entre eles o aumento do preço da soja e milho, de mais de 60%, que são os insumos da ração animal, afetaram de maneira expressiva os preços das carnes. Aliado a isso, a demanda internacional também contribuiu porque as exportações têm sido impulsionadas pelo câmbio mais desvalorizado do Real frente ao Dólar. Os preços dos produtos industrializados fecharam 2020 com alta de 14,50%, impactados principalmente pela elevação dos preços dos Derivados do Leite (15,60%), Leite em Pó (20,14%) e o Queijo Mussarela (35,55%).
No que tange os preços das Carnes Bovina (16,36%) e Suína (31,56%) e do Queijo Mussarela (35,55%), a APAS destaca que, independentemente da inflação deste corrente mês de janeiro, estes produtos já ficaram mais caros em 2021 porque sofreram reajuste de alíquota de imposto no último dia 15 de janeiro. A alíquota da carne foi reajusta em + 0,2% e do queijo em + 1,30%. E o aumento de imposto promovido pelo Governo do Estado sobre estas categorias não para por aí, pois no dia 1 de abril a Carne terá um novo aumento em 0,8% e o Queijo terá um acréscimo de +4,7% em impostos. Estes aumentos de impostos são provenientes dos Decretos Estaduais 65.450 e 65.452, de 30 de dezembro de 2020, realizados pelo governo do Estado de São Paulo para aumentar a arrecadação com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Realizando uma comparação com 2019, quando a inflação nos alimentos foi de 5,73%, o presidente da APAS, Ronaldo dos Santos, revela uma preocupação com o poder de compra dos consumidores, sobretudo em categorias que ficaram mais caras em 2021 devido ao aumento de imposto: “tivemos uma aceleração incomum nos preços de algumas categorias, o que deixou o ano de 2020 com o percentual de 15,02%, o maior da década, superando os 11,33% do ano de 2015. Por isso, reitero a posição externada por nossa entidade no ‘Manifesto APAS – Em defesa do consumidor e do emprego’, solicitando ao Governo do Estado que volte atrás nos aumentos de impostos sobre alimentos que promoveu na última sexta-feira e revogue na integralidade os aumentos de impostos que passarão a vigorar no dia 1 de abril”.
Apesar de 2021 ter começado com o aumento da carga tributária sobre alguns alimentos, o presidente da APAS acredita que este ano terá uma “elevação mais moderada nos preços para diversas categorias, quando comparado com o comportamento dos preços de 2020. Diante disso, a inflação em 12 meses, mesmo com impacto do real mais desvalorizado favorecendo as exportações, deve manter o Índice de Preços nos Supermercados, o IPS, em torno de 4% a 5%, contribuindo para uma evolução mais moderada quando comparada com 2020, em que a inflação em 12 meses foi de 15,02%”, avalia Ronaldo dos Santos.
Outras categorias
Os preços dos produtos industrializados fecharam 2020 com alta de 14,5%. O principal motivo está na elevação dos preços dos Derivados do Leite (15,6%), como, por exemplo, leite em pó (20,1%) e queijo muçarela (35,5%). De forma geral, os óleos também pressionaram os preços dos produtos industrializados com alta de 67,2%, o de soja, por exemplo, acumulou 115,6%. Outro item que também colaborou com o aumento foi o açúcar, tendo alta de 16,1%.
Os produtos in natura – que representam em média 10% do faturamento de um supermercado – subiram 5,61% em 2020. Os legumes tiveram alta de 24,7%, tendo o tomate (32,2%) e a cenoura (67,9%) puxado o índice. Nas frutas, a inflação foi maior, 26,2%, sendo que os vilões foram laranja (49,6%), banana (23,1%) e maçã (66,3%). O principal motivo apontado pela equipe econômica da APAS é o descompasso entre a oferta/produção destes itens e a elevação da demanda.
Entre as bebidas, as alcoólicas tiveram uma variação de 3,15%, reflexo da elevação no preço do vinho (4,77%) e alta do preço da cerveja (2,89%). Entre as não alcoólicas, a alta foi de 2,5%, sendo o refrigerante o item que mais inflacionado em 3,03%.
Os preços dos produtos de limpeza apresentaram alta em 2020 de 6,17%, impactados principalmente pela elevação nos preços do sabão em barra, com variação de 15,67%. Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 4,58%, impactados pela alta nos preços do sabonete (7,87%) e do creme dental (9,47%).
Em dezembro, as variações negativas estiveram presentes em 19% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando muito abaixo da média para os últimos 12 meses, que é de 37%, o que indica ainda uma disseminação de variações positivas nos preços para o mês pesquisado. Entre os itens que apresentaram redução de preços estão: peito de peru (-2,19%); biscoito de água e sal (-5,07%); farinha de mandioca (-4,86%); limão (-14,41%); mandioquinha (-8,59%); couve (-11,26%).