O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, subiu a taxa básica de juros (a Selic) para 7,5% ao ano (estava em 7,25%). É a primeira vez que os juros sobem desde julho de 2011. Para a Associação Paulista de Supermercados (APAS), a medida do órgão, anunciada contra a inflação, impede o desenvolvimento da atividade econômica nacional, uma vez que empréstimos e prestações tendem a ficar mais caros, comprometendo o investimento produtivo e a continuidade do consumo das famílias.
Comunicado do BC, divulgado logo após o anúncio do aumento da taxa, avalia que a inflação está “resistente” e volta a recomendar “cautela”. Veja a seguir a íntegra da nota: “O Comitê avalia que o nível elevado da inflação e a dispersão de aumentos de preços, entre outros fatores, contribuem para que a inflação mostre resistência e ensejam uma resposta da política monetária. Por outro lado, o Copom pondera que incertezas internas e, principalmente, externas cercam o cenário prospectivo para a inflação e recomendam que a política monetária seja administrada com cautela”.
A inflação aumentou o valor dos produtos nas gôndolas dos supermercados, reduzindo o poder de compra dos consumidores. Na visão do setor, medidas federais de incentivo à produção resultariam em melhores benefícios para o brasileiro, pois elevaria a oferta de produtos aos consumidores. “Os juros em patamares baixos é uma conquista do Brasil, logo, precisamos buscar a manutenção da taxa em níveis mais condizentes com um país que busca crescimento sustentado. Há outros instrumentos que o governo pode observar para reduzir as pressões dos preços, principalmente, em relação aos serviços”, afirma o economista da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Rodrigo Mariano.
Para Mariano, é necessário uma revisão das politicas fiscais e monetárias no Brasil, vislumbrando a utilização de outros instrumentos de politica econômica, que não juros, como o controle dos gastos públicos e custeio, investimentos públicos mais assertivos, estímulo maior aos investimentos privados e diminuição da indexação da economia.
O estímulo à produção geraria mais empregos e maior disponibilidade de produtos no mercado. O processo seria benéfico para o cenário inflacionário atual da economia brasileira. “Com juros mais altos, as empresas investem menos, porque os empréstimos ficam mais caros. As pessoas também reduzem seus gastos, porque o crediário fica mais caro. Essa situação deixa a economia com menos força. Por outro lado, com juros mais baixos, há mais consumo”, afirma.
