“Há um Brasil que dá certo e um que não dá certo”. Esta foi uma das afirmações da ex-ministra Marina Silva, durante participação no painel O Brasil que dá certo, que contou com a presença do presidente da APAS, João Galassi, além de Alexandre Caldini, Eduardo Ragasol e Fernando Fernandez, respectivamente, presidentes do Valor Econômico, Nielsen e Unilever. O debate foi mediado pelo professor da FEA-USP, Nelson Barrizzselli, que tomou as rédeas da discussão acerca da visão positiva de um Brasil diante do crescimento e desenvolvimento em diversos setores.
A pauta central contemplou uma análise da percepção atual do cenário brasileiro e as perspectivas para o futuro. A candidata à vice-presidência do Brasil, ao lado do ex-governador do estado de Pernambuco, Eduardo Campos, usou seus quase 30 anos de vida pública para refletir sobre um Brasil eficiente e como a confiança pode ser um elemento para alavancar pessoas.
“O Brasil que está dando certo é fruto de ações que a sociedade brasileira foi capaz de realizar, como a reconquista da democracia, a estabilidade econômica num ambiente de inflação galopante e a transferência de renda e políticas sociais para cerca de 30 milhões de pessoas que antes não tinham acesso a bens e serviços elementares”, afirmou Marina Silva.
Clique aqui e confira na íntegra a participação da ex-ministra.
O painel
O presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS), João Galassi, salientou a importância do setor supermercadista para a geração de empregos no Brasil. “São 4,5 milhões de empregos formais e, deste montante, boa parte é o primeiro emprego do trabalhador. A nossa responsabilidade e contribuição são extraordinários”.
Galassi ainda lembrou que nos últimos anos dez anos o modelo adotado pelo Governo Federal de atuar sobre o consumo das famílias vem dando certo para o setor. “Com o País em pleno emprego, nos teremos vendas para continuar batendo nossas metas, porém, o que nos preocupa é que esse modelo está se exaurindo. O pleno emprego se estabilizou e para o futuro precisamos trabalhar para o aumento da produtividade”.
Produtividade. Palavra que também foi lembrada pelos outros participantes do painel. O professor da FEA-USP, Nelson Barrizzselli, ressaltou a imensa oportunidade de crescimento de produtividade, que ajudará na diminuição dos custos do País.
Já o presidente do Valor Econômico, Alexandre Caldini, sinalizou que o Brasil é um país que deu certo pela forte economia e democracia consolidada. “Nos últimos anos o PIB do país cresceu, assim como o salário mínimo que teve um ganho real, além da facilidade do crédito”. O presidente da Unilever no Brasil, Fernando Fernandez acrescentou: “O Brasil tem um forte mercado interno é a segunda operação no mundo e cresce três vezes mais que a operação mundial”, conta.
O presidente da Nielsen, Eduardo Ragasol, também destacou o Brasil que dá certo e um dos grandes legados disso foi o plano real e estabilização da moeda. “Isso é um pesadelo do passado, vivemos uma revolução do consumo porque transformou a vida das famílias melhorando o bem-estar, o brasileiro tem uma visão do futuro, de fazer planejamento. Essa é a grande conquista dos últimos 20 anos”, avalia Ragasol.
Um Brasil, dois países
Parafraseando o psicanalista Lacan, Marina Silva disse que “estamos vivendo no país do gerúndio”. Durante o evento também foi abordado o longo caminho que o Brasil ainda precisa trilhar para continuar sendo um país forte. A ex-ministra disse que há um Brasil que está dando certo e outro Brasil que não está dando certo em vários aspectos e precisa fazer mudanças profundas sob o risco de perder o que já foi alcançado. “Nós corremos o risco de perder as conquistas da estabilidade econômica e da inclusão social”, disse Marina.
Alexandre Caldini lembrou que mesmo com todas as mazelas, o país é uma grande potência em diversas áreas. “Somos uma potência agrícola, em energia, e consumo”, acredita Caldini.
Marina Silva discorda: “Hoje nos perdemos 30% de nossa produção agrícola por falta de infraestrutura, armazenamento e transporte; mais 30% da energia produzida é perdida por falta de uma visão estratégica da política energética”.
