O Instituto Akatu publicou respostas às questões mais frequentes sobre a substituição das sacolas descartáveis nos supermercados. O objetivo é facilitar o processo de mudança de comportamento por parte dos consumidores.
Segundo o instituto, as pessoas estão dispostas a colaborar com a minimização de resíduos no planeta, mas têm dificuldades em compreender por que o fim do descarte das sacolinhas é tão importante. Veja as perguntas e respostas:
1. Qual o principal problema das sacolinhas descartáveis?
As sacolinhas plásticas são descartáveis e, por isso, incompatíveis com um futuro sustentável no longo prazo. Um produto é considerado descartável quando é usado uma ou duas vezes e, em seguida, descartado no lixo. Sacolinhas e outros produtos, descartáveis ou não, utilizam na sua produção matérias-primas, água e energia, assim como são gastos combustíveis no seu transporte até o ponto de venda e de consumo. Cada uma das sacolinhas termina por ser usada, em geral, uma única vez, sendo em seguida descartada com o lixo, onde leva 100 anos para se decompor. E como são descartáveis, no dia seguinte, novamente, terão que ser produzidas, usando os mesmos recursos da natureza em sua produção e transporte. O uso de tais recursos causa impactos indesejáveis sobre o meio ambiente. Por exemplo: todo uso de energia, seja na produção ou no transporte, gera emissão de gases de efeito estufa. O mesmo acontece com as sacolinhas e seu uso contribui, assim, para o aquecimento global. Por isso, só se deve utilizar algo descartável quando não há outra solução. Este não é o caso com as sacolinhas, visto que há formas não descartáveis de transportar as compras para casa. Para se ter uma ideia do volume de sacolas plásticas descartáveis, se as 14 bilhões de sacolas utilizadas em um ano no Brasil fossem colocadas umas sobre as outras, a pilha chegaria a 750 quilômetros de altura. É muita sacolinha!!! Ao ocupar esse espaço, elas fazem com que os aterros esgotem sua capacidade mais cedo, o que cria a necessidade de construção de mais aterros pelo poder público. O recurso usado para construir os aterros poderia ser usado para educação e saúde. Não seria melhor?
2. Sem as sacolinhas, uma das principais dificuldades do consumidor é organizar as compras. O que pode e o que não pode ser misturado em uma caixa ou sacola reutilizável?
O ideal é que o consumidor carregue consigo ao menos duas sacolas reutilizáveis (duráveis) – uma para produtos químicos de limpeza e outra para alimentos e bebidas. Assim, se por acaso algum líquido vazar de alguma embalagem, não há risco de contaminação dos alimentos. O consumidor deve também lembrar de limpar a sua sacola reutilizável entre uma compra e outra.
3. Qual é a melhor opção de sacola reutilizável?
A sacola reutilizável deve ser bastante resistente a fim de que seja de fato durável. Uma análise de ciclo de vida realizada pela Fundação Espaço Eco no ano passado, com financiamento da Braskem, apoiadora mantenedora do Akatu, revelou que os índices de ecoeficiência das sacolas feitas de pano, de ráfia, e de não tecido são praticamente os mesmos. Isto é, se considerados o custo e o impacto ambiental, as sacolas reutilizáveis tem praticamente a mesma avaliação. Por outro lado, o ideal é que a sacola reutilizável seja feita de material reciclado, fazendo uso do reaproveitamento de recursos já retirados na natureza em seu processo produtivo. Desta forma, os gastos de energia serão menores para a obtenção da sacola. Deve também ser de material lavável, para que possa ser limpa com frequência e praticidade e não haja risco de contaminação dos alimentos. Por último, é interessante que o consumidor avalie onde foi produzida (quanto mais perto, melhor, porque os impactos negativos causados pelo transporte são minimizados) e por quem (se a mão-de-obra é contratada dentro dos parâmetros legais e as pessoas são tratadas de maneira adequada no processo de produção).
4. Os saquinhos de frutas, legumes e verduras também não deveriam ser abolidos? E outras tantas embalagens plásticas encontradas no supermercado?
As sacolinhas são um exemplo de embalagem descartável que pode facilmente ser substituída. Há outras embalagens que também são descartáveis, mas que podem ser mais difíceis de serem substituídas, pois muitas vezes não existe alternativa tecnológica e o benefício gerado, por exemplo, na preservação dos alimentos ainda compensa o impacto ambiental negativo. É o caso também das embalagens de produtos de limpeza, que protegem as pessoas e o meio ambiente de contaminação. Os saquinhos de frutas, legumes e verduras ajudam a proteger os alimentos até que cheguem ao supermercado e depois em casa. Mas, no caso de compras que precisem ser carregadas apenas por curtas distâncias, talvez pudessem ser acomodadas numa única sacola reutilizável sem risco à sua integridade, desta forma dispensando os saquinhos plásticos. No entanto, é preciso ter certeza de que a embalagem não tinha o objetivo de estender a vida útil do produto. Além disso, idealmente deveriam ser saquinhos feitos de material reciclável, de modo a poder ser reaproveitado para a produção de novas matérias-primas. A recomendação do Akatu é que o consumidor exerça seu poder de escolha e peça aos supermercados e fabricantes que ofereçam alternativas adequadas, de preferência incluindo a análise do ciclo de vida, instrumento essencial para se fazer a comparação entre os reais impactos de produção, transporte, uso e descarte de cada produto, desde as matérias-primas utilizadas até o momento final de descarte de embalagem.
5. Que alternativas às sacolinhas existem para o acondicionamento do lixo em casa?
O Akatu sugere que o consumidor aproveite a dificuldade gerada pelo fim das sacolinhas plásticas para o acondicionamento de seu lixo para refletir sobre a produção de resíduos em casa. Em primeiro lugar, ele deveria buscar reduzir o lixo produzido, evitando todo tipo de desperdício. Em segundo lugar, deveria separar o lixo orgânico (molhado) dos resíduos recicláveis (secos) e procurar serviços de coleta seletiva oferecidos por cooperativas de catadores ou pelo poder público. O lixo orgânico da pia da cozinha ou do banheiro deve ser acondicionado em cestos laváveis forrados com jornal ou em embalagens que não serão utilizadas. Depois, deve ser reunido em um único saco grande de lixo que, apesar de também demorar anos para se decompor, comporta uma quantidade bem maior de lixo e evita desperdícios, porque é mais resistente. Além disso, facilita o transporte do lixo desde cada casa até o aterro sanitário. O ideal seria que fosse feito de plástico biodegradável. Mas, sendo de plástico reciclado (mais comum), já &ea
cute; bem melhor do que feito de plástico comum. O lixo reciclável deve ser acondicionado em caixas de papelão usadas ou em embalagens secas também usadas anteriormente. Já as fezes de animais de estimação devem ser recolhidas em um saquinho feito de jornal, nos mesmos moldes do indicado para o lixo orgânico. Depois, devem ser jogadas junto ao restante do lixo orgânico, no saco grande de lixo.
Fonte: Mercado Ético, por Redação Akatu
