O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fipe, registrou deflação de 1,0% em julho, motivado pela redução nos preços dos produtos semielaborados (-3,6%), in natura (-2,31%) e industrializados (-0,14%). As bebidas e os produtos de higiene e beleza registraram alta de 0,34% e 0,9% respectivamente, impedindo que o índice recuasse ainda mais no mês.
Com o resultado de julho, a inflação acumulada no ano ficou em 0,60%, menor índice desde 2018, e segundo menor resultado desde 2007, superado apenas pelo ano de 2017, que registrara deflação de 0,54%. O movimento de desaceleração da inflação fica claro no gráfico a seguir, que a mostra a curva de 12 meses, que passou de 5,62%, em junho, para 2,74%, em julho.
“Caso não haja nenhuma mudança abrupta nos cenários econômico e político interno e externo e, não menos importante, nenhuma alteração climática até o final do ano que afete a produção agrícola do ano, o índice de preços do setor supermercadista deve encerrar o ano no menor patamar desde 2017”, projeta o economista Felipe Queiroz, do Departamento de Economia e Pesquisa da APAS.
Semielaborados
A categoria de produtos semielaborados manteve pelo segundo mês consecutivo redução de preços, com queda de 2,5% e 3,56% em junho e julho, respectivamente. A queda decorreu, especialmente, da redução do preço da proteína animal. O preço da carne bovina, por exemplo, apresenta deflação desde janeiro, de modo que, com o resultado de julho (-3,5%), a queda acumulada no ano é de aproximadamente 10%.
A redução no preço da carne bovina é resultado, sobretudo, do menor custo de engorda do boi de corte. A redução do preço da ração animal no início deste ano produziu efeito direto sobre o preço das demais proteínas animais. A carne suína deflacionou 2,7% em julho e acumulada queda de 5,64% no ano. Já o quilo do frango ao consumidor paulista recuou 5,48% em julho, acumulando redução de 20,6% no ano. O preço dos pescados também apresentou redução em julho, deflacionando 0,87%. Com a redução de preços apresentada no último mês, a alta acumulada no ano desacelerou para 0,36%.
Leite
O preço do leite, após forte alta no bimestre abril-maio, recuou pelo segundo mês consecutivo. Em julho, apresentou deflação de 3,72%. A boa condição climática na região Sul do país, com melhores condições de pastos, o aumento sazonal da produção argentina de leite e a valorização cambial contribuíram tanto com a redução dos custos da produção doméstica quanto com o aumento da importação do país vizinho.
A subcategoria de cereais também apresentou significativa redução de preços em julho, com variação de -3,23% na comparação mensal. A redução decorreu, principalmente da queda de 8,47% no preço do feijão. O arroz também recuou, porém de forma mais modesta (-0,80%). E o milho apresentou alta de 1,86% no mês. Com a projeção de safra recorde de grãos para o ano, a expectativa é de que a subcategoria de cereais não pressione o indicador de preços neste ano.
Industrializados
A categoria apresentou queda de 0,14% em julho, acumulando alta de 1,77% no ano e 4,71% em 12 meses. No mês, houve redução de preços das seguintes categorias: óleos (-2,88%), café, achocolatados em pó e chás (-1,02%), panificados (-0,70%) massas, farinhas e féculas (-0,55%), biscoitos e salgadinhos (-0,16%), derivados de carne (-0,13%), derivados de leite (-0,07%). Em sentido oposto, houve aumento nos doces (1,3%), condimentos e sopas (0,74%), adoçantes (0,55%), produtos prontos (0,52%) e enlatados e conservas (0,3%).
Produtos In natura
A categoria deflacionou 2,31% em julho. O resultado é fruto, por um lado, da redução do preço dos tubérculos (-6,64%), verduras (-2,07%), ovos (-2,06%) e frutas (-1,13%) e, por outro lado, da leve alta dos legumes (0,29%). Apesar da natural oscilação nos preços dos itens que compõem o grupo, quando observamos o comportamento dos preços no primeiro semestre do ano, constatamos que não estão subindo de modo tão acelerado como ocorrera em 2022. No acumulado de 2023, a categoria apresentou alta de 0,15%, contra 15,8% do mesmo período do ano anterior.
Bebidas
As categorias de bebidas não alcóolicas e alcoólicas apresentaram alta de preços em julho, com variação respectiva de 0,16% e 0,65%. A leve alta no preço das bebidas não alcóolicas decorreu da elevação do preço das bebidas isotônicas (1,58%). Os refrigerantes ficaram relativamente estáveis no período (0,1%) e os sucos de fruta deflacionaram 0,3%. Entre as bebidas alcoólicas, os principais destaques foram do vinho (2,67%) e cervejas (0,48%).
Limpeza, higiene e beleza
A categoria de produtos de limpeza ficou estável no mês, enquanto os artigos de higiene e beleza inflacionaram 0,9%. O resultado de julho consolida a tendência de desaceleração das duas categorias, apesar de as altas no ano e no acumulado em 12 meses ainda estarem consideravelmente acima do índice IPS cheio.
Em limpeza, as principais altas em julho foram: inseticida (1,36%), amaciante de roupa (1,33%), concentrado de limpeza (1,06%) e alvejante (0,94%). No sentido inverso, lustra móveis (-1,65%) e detergente (-0,99%). Entre higiene e beleza, os produtos relacionados aos cuidados infantis – fraldas descartáveis (2,78%) e lenço umedecido (2,60%) – e higiene bucal – creme dental (1,49%) e escova dental (0,74%) – foram os que apresentaram as altas mais significativas no período.