A falta de interesse ou o desconhecimento por parte, principalmente, das grandes empresas ainda emperra o mercado brasileiro de créditos de carbono, um segmento que já acumula cerca de US$ 72 bilhões em negócios em todo o mundo, referentes a projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) que devem evitar a emissão de 3,77 bilhões de toneladas de gases que provocam o aquecimento global até 2012. Dos países em desenvolvimento, a China, o país que mais polui entre todas as nações, é também o que mais se aproveita das possibilidades oferecidas pelo Protocolo de Quioto. Responde por 725 dos 2.343 projetos em alguma fase de validação do MDL, ante 694 da Índia. O Brasil, terceiro colocado, tem até agora apenas 233, que devem dar uma receita adicional aos seus autores em torno de US$ 4 bilhões.
No Brasil, o setor que mais contribui em número de projetos de redução de emissões de gases estufa é o de geração elétrica (140), seguido de suinocultura (38) e aterros sanitários (26). Em volume de emissões evitadas, os aterros estão na frente, com 65,5 milhões de toneladas de carbono ou seu equivalente em outros gases, seguido de geração elétrica, com 59,2 milhões de toneladas, informa o Ministério da Ciência e Tecnologia.
Representantes de grandes empresas ouvidos por Mercado Carbono dizem não inscrever seus projetos de redução de poluentes na Organização das Nações Unidas por causa das incertezas que cercam as normas do Protocolo de Quioto após 2012 e mesmo a falta de regulamentação interna. Até hoje, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) não definiu o que é crédito de carbono e o Banco Central continua autorizando a entrada do dinheiro proveniente de projetos de MDL no País no item outros.
As indicações para o futuro, porém, são de que os projetos de desenvolvimento limpo vão ganhar ainda mais espaço, porque representantes de órgãos internacionais ligados às mudanças climáticas defendem o direito de o países ricos comprarem ainda mais projetos dos países em desenvolvimento, para completar suas metas de redução de emissões de gases-estufa. O Japão, por exemplo, por causa do desligamento de parte de suas usinas nucleares após o terremoto, terá de fazer uma compensação adicional de suas emissões de gases, porque reativou usinas térmicas a carvão, muito mais poluentes. A estimativa é de uma necessidade extra de 20 milhões de toneladas de CO2.
Fonte: Terra