Inflação, desemprego em alta, aumento do ICMS e queda na renda são os principais fatores para a redução do poder de consumo das famílias, o que fez com que os supermercados de São Paulo registrassem queda de 10,25% nas vendas. Em entrevista para a Rádio Jovem Pan, o diretor executivo da APAS, José Eduardo Vaz, e o economista e gerente de gestão administrativa da APAS, Rodrigo Mariano, explicaram como estes fatores têm impactado as famílias e, consecutivamente, as vendas dos supermercados. Confira a reportagem:
Nos supermercados os preços estão em alta e o aumento é refletido no carrinho dos consumidores, onde o número de itens está em queda. O segurança Reginaldo Nunes faz compras com frequência e diz que escolher entre um ou outro produto tem se tornado rotina. “Compra que eu fazia com R$ 700 ou R$ 800 agora é R$ 1300, R$ 1400. Um absurdo, absurdo, tá muito caro”, opina. No Brasil, a inflação acumula alta de mais de 8% nos últimos 12 meses segundo o IBGE. O poder de compra reduzido da população afeta o faturamento dos supermercados. Segundo dados da Associação Paulista de Supermercados (Apas), de janeiro a maio deste ano, as vendas caíram 10% em comparação com o mesmo período do ano passado. José Eduardo de Carvalho é diretor de operações de um supermercado e observa que a carne tem sido o item menos vendido, não só pela pressão da inflação, mas também do aumento de impostos em São Paulo.
“Em abril fomos surpreendidos com o aumento da alíquota de imposto sobre a carne, saindo de 4% para 5,5% na venda final do produto e isso tem gerado uma alta no preço da carne. Observamos cada vez mais consumidores migrando de proteína e levando uma quantidade menor”, explica. O ICMS mais alto, incidência da inflação, desemprego em alta, auxilio emergencial menor são fatores que impactam na redução das vendas e também na mudança de comportamento das pessoas com a retomada da economia, avalia Rodrigo Mariano, coordenador de gestão corporativa da Apas. “Esse consumo para fora do lar, alimentação fora do lar, que tradicionalmente acontecia em bares e restaurantes, ela não existem no período de maio de 2020 [o que levou a alta nos supermercado]. Com a abertura desses negócios novamente de maneira gradual, a alimentação começa a se dividir entre dentro do lar e fora do lar. Então também identificamos uma queda por causa da abertura de outros comércios dentro do Estado e da cidade de São Paulo”, pontua. Segundo a entidade, uma das estratégias para driblar o momento tem sido fidelizar clientes em programas de compras que oferecem descontos especiais.