A população brasileira consome, todos os anos, cerca de 14 bilhões de sacolinhas descartáveis. Se fossem empilhadas, segundo cálculo feito pelo Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, elas chegariam a 750 quilômetros de altura. Trata-se de uma quantidade absurda de lixo, que, para o diretor presidente da organização, Helio Mattar, é totalmente desnecessária e, mais do que isso, inadmissível na sociedade do século XXI, que ruma para o desenvolvimento sustentável.
“Não há como construir uma sociedade sustentável com produtos descartáveis. As sacolinhas estão em rota de extinção, dando lugar a alternativas mais duráveis”, afirma Mattar, que questiona o atual padrão de consumo da sociedade: “Você utiliza uma porção de recursos naturais, água e energia para produzir uma sacola que é usada uma ou duas vezes e, depois, vai para o lixo e ocupa espaço nos aterros por anos. Qual a lógica? Não faz o menor sentido.”
Para ele, todos os protestos contra o fim da distribuição das sacolas descartáveis nos supermercados teriam fundamento se não existisse uma outra alternativa para armazenar e transportar as compras. Mas não é o caso. “Qual é a função da sacolinha? Por que ela foi inventada? Para levarmos produtos de um lugar para o outro. Para este fim, há várias opções melhores, como sacolas reutilizáveis, carrinhos de feira e caixas de papelão. As pessoas precisam incorporar os produtos duráveis ao seu dia a dia”, diz o especialista.
Para aqueles que afirmam que, com o fim da distribuição das sacolinhas, não terão onde armazenar seu lixo, Mattar tem a resposta na ponta da língua. “A maioria das pessoas sempre colocou o lixo para fora de casa em sacos de lixo e não em sacolas descartáveis. Nada mudou. Mas quem utiliza as sacolinhas para este fim, realmente, vai ter que se reeducar. É uma mudança de hábito necessária. A sacola descartável não foi criada para descartar resíduos”, afirma o especialista, que considera positiva a sugestão que a APAS fez ao governo do Estado de São Paulo para reduzir, temporariamente, o ICMS para as sacolas reutilizáveis e sacos de lixo produzidos com material reciclado. “Qualquer medida que ajude o consumidor a se adaptar à nova realidade é válida”, completa.
Mattar também ressalta os benefícios ambientais do fim da distribuição das sacolas descartáveis: “Redução de emissões, já que lançamos muito CO2 na atmosfera para produzir as sacolinhas, diminuição das enchentes, cidades mais limpas e economia de dinheiro”, completa.
Com o fim das sacolas descartáveis, a quantidade de lixo produzido pela população diminui e, consequentemente, o espaço ocupado nos aterros sanitários também. “Criar essas áreas para armazenar lixo custa dinheiro. Ao reduzir a produção de resíduos, economizamos dinheiro que, se não houver corrupção, pode ser investido em setores como saúde e educação. A sociedade só tem a ganhar com o fim da distribuição das sacolas”, conclui o especialista.
Fonte: Portal Exame

Diretor Presidente do Akatu Hélio Mattar defende a iniciativa do setor supermercadista para a substituição das sacolas descartáveis nas lojas
