Setor supermercadista de Rio Preto mostra sua força, especialmente durante a pandemia, e garante aumento dos empregos no mercado local; crescimento foi de 17% no estoque formal.
Por Felipe Nunes, Diário da Região
O aumento do tempo em casa, a restrição de funcionamento de bares e restaurantes e o pagamento do auxílio emergencial impulsionaram o segmento de varejo alimentar em Rio Preto durante a pandemia. Considerados estabelecimentos essenciais, os supermercados e hipermercados não sentiram tanto os impactos da pandemia e foram o pilar da empregabilidade na cidade. Além do consumo em alta, inaugurações de novas unidades ajudaram no desempenho.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, o número de trabalhadores que atua na área em Rio Preto subiu de 4.973 em janeiro do ano passado para 5.865 em abril deste ano – um aumento de 892 postos, ou de 17% novos profissionais com carteira assinada no segmento.
O segundo segmento que mais criou oportunidades de emprego no período foi o de fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias, com 540 novos trabalhadores.
Desde o ano passado, sete supermercados de grande porte foram inaugurados em Rio Preto. Entre eles está a rede Amigão, que inaugurou sua primeira unidade em Rio Preto no mês de dezembro. Em setembro, o Proença abriu sua quinta loja na cidade. A rede Muffato teve duas inaugurações desde o ano passado e agora conta com cinco unidades na cidade que, juntas, empregam cerca de 1,4 mil funcionários e geram aproximadamente de 600 empregos indiretos.
Rio Preto atrai cada vez mais grandes redes varejistas por ser um grande polo comercial composto por quase 40 cidades em seu entorno , afirma o diretor regional da Associação Paulista de Supermercados (Apas), José Luiz Sanches. Ele acredita que esse fator tem grande participação na tomada de decisão dessas redes. Sem contar que nossa cidade é bastante rica, com um Produto Interno Bruto (PIB) alto. Isso têm influência e ajuda a atrair essas empresas.
O comércio varejista alimentar tem um papel importante na vida das pessoas e, durante a pandemia, foi reconhecido como negócio essencial para a população, afirma Cleide Nakashima, diretora de recursos humanos da Companhia Sulamericana de Distribuição (CSD), marca proprietária da rede Amigão. Ela destaca a importância da rede ter mantido a estratégia de expansão, mesmo durante a pandemia, como forma de contribuir para a geração de empregos. Para o processo seletivo de Rio Preto foram quase 200 profissionais contratados, entre regime CLT e temporários. Ao todo, recebemos mais de 4,4 mil candidaturas no nosso site de pessoas interessadas em trabalhar conosco.
Atualmente a rede Amigão conta com 17 lojas distribuídas em 11 cidades do interior paulista. Ao todo, o grupo CSD possui 60 lojas no formato supermercado e atacarejo presentes em São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Ainda segundo Cleide, o grupo possui planos de expansão que incluem a região. Enxergamos muito potencial na cidade e na região e temos total interesse de explorar novas oportunidades, seguindo nosso planejamento estratégico de longo prazo. Nossa intenção é sim crescer e é uma região superimportante pra nós.
Quem conseguiu uma oportunidade na área foi a rio-pretense Letícia Soares de Oliveira, 29, contratada em outubro do ano passado para auxiliar de reposição na unidade da rede Amigão. Ela trabalhava como chapeira em uma lanchonete e estava em busca de um emprego melhor na época. Estava procurando novas oportunidades, até que apareceu. Eu não tinha experiência na área, nunca tinha trabalhado em supermercado. Mesmo assim, eles me deram uma chance , comenta. E em menos de um ano o esforço já está sendo reconhecido. Recentemente, Letícia foi promovida a responsável pelo o setor de frios e laticínios da loja. Foi uma boa escolha, pois aqui eles enxergam o funcionário e te dão oportunidade de crescer.
Com três lojas inauguradas entre o ano passado e este ano, a rede de supermercados Kawakami foi responsável por criar cerca de 220 empregos diretos na cidade. São pouco mais de 70 funcionários em cada uma das três unidades, afirma Murilo Matsumoto, supervisor gerencial da regional de Rio Preto.
Segundo Matsumoto, o plano de expansão da rede, que atualmente conta com 11 lojas divididas em oito cidades, não foi alterado mesmo com o início da pandemia. Isso porque a empresa diz se preocupar com responsabilidade social. É uma responsabilidade social. Poderíamos simplesmente abrir uma fazenda e investir em gado, mas o proprietário possui espírito empreendedor e se preocupa em gerar oportunidade de empregos.
Um dos trabalhadores que abraçou a oportunidade de emprego foi Emanuel Filipe de Almeida, 24 anos. Depois e seis meses desempregado, mesmo sem experiência, ele conseguiu uma oportunidade de voltar ao mercado de trabalho como repositor da unidade do Kawakami na avenida Danilo Galeazzi. Na entrevista, fui sincero. Disse que nunca havia trabalhado na área, mas só precisava de uma oportunidade. Eles viram que eu estava disposto e me deram uma chance , lembra.
Mesmo sendo um dos poucos contratados que nunca teve passagem por um supermercado, Emanuel disse que conseguiu se destacar por conta da dedicação no trabalho. Tanto que, menos de um ano depois, ele conseguiu uma promoção no trabalho. Eles notaram minha habilidade na organização e me convidaram para ser coordenador de loja. O plano é continuar crescendo , destaca.
Movimento cai
Segundo a Apas, os supermercados paulistas tiveram aumento de 2,3% nas vendas do varejo no ano de 2020, motivado pelo aumento no movimento. Apesar do crescimento, o setor já passou a apresentar uma retração em 2021. No primeiro quadrimestre do ano, o movimento foi 8,90% menor em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo a Apas, o resultado é influenciado pelas fortes distorções de demanda ocasionado pelo início do confinamento, que levou o consumidor a estocar produtos pelas incertezas da circunstância . Ainda de acordo com a associação, a estimativa é de que o cenário econômico se reverta ao longo do ano e a expectativa é de uma alta real de 4% em relação ao ano passado.