Artigo do presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS) João Galassi mostra o surgimento do primeiro supermercado no Brasil e a evolução do setor, em comemoração ao Dia do Supermercado (12 de novembro). Confira a íntegra abaixo.
Supermercados a serviço do consumidor
João Galassi
O cenário econômico e social do Brasil impõe novos desafios a um setor que se desenvolveu graças à batalha diária para ofertar os melhores produtos e serviços ao consumidor. Esse compromisso fica evidente no dia 12 de novembro, quando é comemorado o Dia do Supermercado. Na oportunidade, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) homenageará seus associados e reafirmará o compromisso de trabalhar pelo crescimento econômico do setor supermercadista paulista, gerando novos postos de trabalho com carteira assinada e desenvolvendo a cadeia do abastecimento para melhor atender às famílias brasileiras.
O brasileiro hoje compra dia sim, dia não. São em média 179 idas a algum centro de compras por ano. À medida em que cresce a frequência das compras, também aumenta o valor gasto e as opções de consumo em diferentes locais. Os dados são da Kantar WorldPanel e mostram, ainda, que 84% dos consumidores usam mais de três canais para se abastecer. De acordo com a Nielsen, de 2010 para 2011 o gasto mensal dos brasileiros aumentou 12,8% no autosserviço.
Sinal dos tempos: os números ilustram a realidade brasileira em que entram em cena a ascensão das classes, a melhora da qualidade de vida da população e o aumento do poder de compra. O modelo tradicional de supermercado tal qual conhecemos firmou-se graças à inovação do autosserviço, em que o consumidor tem autonomia para fazer a opção de escolha de compra dos itens que necessita. Isso nos remete ao ano de 1929, quando foi criado o conceito de autoatendimento nos Estados Unidos, conforme publicado no livro O Supermercado Nosso de Cada Dia, editado pela APAS.
Por aqui, o supermercado aportou na década de 1950 e comercializa hoje de 6 mil a 70 mil itens, dependendo do modelo de loja (supermercado, hipermercado, atacadão, entre outros). Segundo dados da Nielsen, nos anos 1970 os supermercados representavam 26% das vendas de gêneros alimentícios e hoje respondem por 90% do abastecimento dos lares brasileiros, nas mais de 82 mil lojas em todo o Brasil. A evolução foi rápida e constante. Só o Estado São Paulo tem mais de 16 mil lojas e concentra 30% do volume total de vendas do setor.
Muita coisa mudou nas últimas décadas e hoje a concorrência do setor foi incrementada pelos modelos de conveniência, pelos serviços ofertados, pelo mix de produtos, pelo ambiente da loja e claro, a grande busca pelos melhores preços. Para conquistar e fidelizar o consumidor, além de oferecer preços atraentes o supermercadista precisa reinventar constantemente as suas ofertas e lançar novos serviços e facilidades.
A vocação de cada supermercado, o público que pretende atingir, o estilo de vida que a ambientação sugere, as formas de pagamento ofertadas e o investimento em tecnologia para aproveitar o comércio eletrônico são definições estratégicas utilizadas pelos supermercadistas para atrair e fidelizar os consumidores. Se o objetivo é focar em conveniência, por exemplo, ter o mix correto de produtos, investir em itens semiprontos ou em uma rotisseria, faz mais sentido do que ter uma ampla superfície de vendas concentrada em apenas um local. Nesse tipo de loja, fazer promoções funciona muito bem se a intenção for fidelizar o cliente. Em contrapartida não é um diferencial se a oferta estiver baseada na guerra de preços. Dependendo do público que se busca conquistar, um atendimento diferenciado e a oferta de serviços como valet, local reservado para animais e recreação para crianças pode provocar no consumidor o encantamento com a marca.
Esses detalhes apontam o nível de sofisticação do consumo atualmente. O momento pede atenção e foco para tomar a decisão mais acertada em relação à segmentação a fim de conquistar o público escolhido e garantir a rentabilidade almejada.
Claro que, depois de definida a estratégia, o supermercado deve ficar atento às outras variáveis que influenciam seu negócio, como a tecnologia que melhora a eficiência operacional, a otimização dos recursos, a capacitação profissional, a sustentabilidade e as mudanças demográficas. Uma alteração social que afeta diretamente o setor de supermercados, por exemplo, foi apontada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): hoje, 6,9 milhões de pessoas moram sozinhas. Para atrair este consumidor é preciso oferecer um mix diferenciado de produtos, com pratos prontos, minipizzas e, ainda, carnes, verduras e frutas in natura embaladas em porções menores e higienizadas.
Adaptações como essa demonstram o quanto o setor é dinâmico e está sempre pronto para incrementar a prestação de serviços em um processo contínuo de desenvolvimento. E a APAS está presente nesse movimento de transformação, por apoiar os seus associados a estreitarem ainda mais sua relação com os consumidores, desenvolvendo e aprimorando serviços, como a Feira APAS, a Escola APAS, as revistas SuperVarejo e Acontece APAS, áreas importantes, como Jurídico, Relacionamento com o Associado, Economia, entre outros. E tudo isso com um objetivo apenas: atender às expectativas de nossos consumidores. Parabéns, supermercadista!
João Galassi é presidente da Associação Paulista de Supermercados