Diante dos novos hábitos de consumo e dos principais serviços e tecnologias que estão ganhando cada vez mais força atualmente, a diretora executiva do Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo (IBEVAR), Patricia Cotti, listou as principais tendências que devem impulsionar o segmento do varejo, no pós-pandemia.
“A transformação do mercado, devido ao coronavírus, condiciona as marcas a se reinventarem e a proporcionarem uma entrega ainda mais completa ao consumidor. Sendo assim, a evolução das empresas no mercado permite que sejam exploradas novas formas de facilitar a jornada de compra”, explica a especialista.
Confira a seguir as oito principais tendências para o pós-pandemia, de acordo com a executiva:
1) DIY (Do it Yourself)
O movimento de “Faça você mesmo”, do inglês “Do it yourself”, começou na década de 70 como rejeição à ideia de comprar produtos de comerciantes terceiros e se expandiu no mercado. “Uma ampla variedade de bens, como roupas, calçados, joias, mobiliários, alimentação funcional, software e até energia, começa a ser produzida em escalas menores e particulares”.
O conceito “DIY” sofre influência direta da pandemia, à medida que pessoas e processos produtivos se misturam diante dos confinamentos e restrições de compra. O prazer de “fazer você mesmo” começa a ser, de novo, inserido no dia a dia do consumidor, bem como os benefícios trazidos pelo modelo, sejam eles financeiros ou emocionais.
2) Local circle (círculo de consumo local)
A ideia de “círculo de consumo local” está direcionada ao incentivo do consumo de produtos vendidos localmente e de forma segura, que ajudam os pequenos comércios a preservarem a sua economia. Com a crise econômica, essa atividade deve se consolidar, com posterior impacto e reforço no comportamento de compra de todo o mercado. “Podemos notar uma forte causa nas redes sociais, por exemplo, em prol da sustentabilidade financeira dos pequenos comerciantes e empreendedores regionais”, avalia a diretora.
3) Compartilhamento
Existe um número crescente de movimentos, iniciativas, empreendedores e novos modelos de negócios que visam facilitar a sustentabilidade na maneira de consumir e viver. Um exemplo disso é a alta demanda do consumo colaborativo (compartilhamento, troca, entre outros), que revela uma mudança nas preferências de “ter o bem” para “ter acesso ao bem”.
Por isso, iniciativas de transporte compartilhado, agricultura urbana e cultivo da própria comida, crescimento das modalidades de aluguel e os serviços de assinatura são alguns dos exemplos deste cenário. Para Patricia, o consumo colaborativo significa conveniência, inovação, moedas locais e virtuais, comunidade e também os valores verdes.
4) Downshifting e Slowlife (“reduzir a marcha”)
O movimento de “reduzir a marcha”, conhecido como “downshifting”, é uma tendência social para uma vida mais simples, enfatizando a busca pelo equilíbrio entre o lazer e o trabalho. O grande fundamento do “Slowlife” é a alteração do ritmo da vida e a eliminação de tudo aquilo que pode ser considerado como não essencial. Portanto, “a nova realidade de vida e o impacto do isolamento no modo como as pessoas se relacionam entre elas, com o ambiente e as ‘coisas’, faz repensar a maneira que vemos a nós mesmos e os nossos objetivos de vida”, pondera a diretora.
5) Interação remota
Em razão do confinamento, as pessoas passam a ter que adaptar os seus estilos de vida. Usar ferramentas de interação para se comunicar com outras pessoas à distância, seja para fins pessoais ou profissionais, se adaptar ao home office e usar o comércio eletrônico como alternativa para as compras, são algumas atividades remotas fomentadas pela quarentena.
Toda essa tecnologia e modo novo de vida, que vinha aos poucos sendo adotada, acelera o seu movimento de implementação. Comportamento este que deve permanecer, pelo menos em algumas particularidades, em razão dos aprendizados e benefícios percebidos.
6) Influências peer-to-peer (arquitetura de redes de computadores)
As redes sociais de pessoas em todo o mundo são o fator dominante no consumo democratizado e influenciam as decisões de compra de produtos e serviços. Plataformas digitais concorrentes e complementares fornecem acesso às informações detalhadas do produto e expõem as experiências dos indivíduos. Reflexo direto da segurança e transparência das novas interações, as influências “peer-to-peer” são reforçadas nesse cenário atual, no qual a confiança e a instabilidade tomam a frente nas relações que não eram exploradas.
7) Parceria
As parcerias entre as marcas não são novidade para o mercado. No consumo, esta prática de negócios ganha força, a partir da necessidade de aproximação entre os players da cadeia na busca de soluções para um mesmo consumidor. Essa é a ideia central do “Customer Centricity”, com o consumidor no centro, influenciando produtos, formatos, canais e todos os tipos de interações. “Empresas precisam se unir para potencializar mercados e atender a um mesmo consumidor, de maneira criativa, integrada e única”, avalia Patricia.
8) Digitalização
A digitalização sofre aceleração de anos em apenas meses. O mundo virtual e real se fundem cada vez mais, em processos de automação, networking, gerenciamento da cadeia de suprimentos, relação com ambientes e sociedade, plataformas de compras multimídia, abordagem individual e personificada, prateleiras virtuais, facilidades de entrega e acesso irrestrito a produtos. “Se é certo que o digital já se apresentava como uma tendência e desafio, agora ele se torna mais do que uma necessidade das organizações. E isso não é mais pelo caráter de inovação, até então buscado, mas como uma resposta às mudanças no modo de consumo dos brasileiros”, conclui a especialista.
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