Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) comprovam o envelhecimento da população brasileira e referendam a expectativa de que o país precisa se preparar para a consolidação de uma nova estrutura em sua sociedade, com mais idosos e menos jovens. Segundo o instituto, isso trará um novo perfil de consumo e a necessidade de desenvolvimento de mais produtos, serviços e políticas públicas voltados para a terceira idade. Os números do IBGE mostram que, em 2011, a esperança de vida do brasileiro era de 74 anos e 29 dias — um aumento de três meses e 22 dias em relação a 2010, quando o índice era de 73 anos e 277 dias. Em relação a 2000, houve um aumento de cerca de 3,65 anos — em relação ao ano passado, houve aumento de 3 anos, 7 meses e 24 dias a mais do que a expectativa de 2000 (70 anos e 182 dias).
Projeções do próprio IBGE apontam para a continuidade desse cenário. Há cálculos do instituto que preveem para 2020 um total de 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Estima-se que a população dessa faixa etária some uma renda de R$ 7,5 bilhões ao mês e que tenha muito mais poder de influenciar hábitos de consumo nas famílias do que se imagina. Os dados são da pesquisa Panorama da Maturidade, realizada pela Indicator GfK, que mostra que os idosos são responsáveis pela manutenção de 25% dos lares brasileiros. Isso corresponde a cerca de 47 milhões de domicílios. Essa parcela da população está fortemente concentrada nas áreas urbanas (80%).
“Daqui a duas décadas, com o encolhimento da faixa etária mais jovem, a terceira idade terá papel preponderante no Brasil. Isso traz alterações profundas na estrutura da sociedade e, consequentemente, no perfil de consumo”, afirma o professor do curso de Administração da ESPM Adriano Gomes.
Outro fator que sustenta o aumento da participação dos idosos no consumo é o fato de a população potencialmente ativa, apta a trabalhar, crescer ao mesmo tempo em que se constata o aumento da expectativa de vida dos brasileiros, segundo dados da Síntese de Indicadores Sociais 2012. De 2001 a 2011, o número de idosos com 60 anos ou mais passou de 15,5 milhões para 23,5 milhões de pessoas. “Esse aumento relativo da população em idade potencialmente ativa pode ser uma boa oportunidade econômica para o país, desde que essas pessoas estejam inseridas no mercado de trabalho, especialmente em postos qualificados”, avalia o IBGE no estudo.
Gomes destaca que o Brasil com mais de 60 anos é o grupo da população que mais cresce e, há pouco mais de uma década, passou a ter ainda mais participação no consumo. “É preciso que tanto empresas quanto governos façam uma leitura antecipada do que virá neste contexto e adaptem seus produtos e políticas públicas em prol da acessibilidade”, diz. Ele aponta que as áreas que mais podem explorar o potencial de consumo demandado por esse público são todas as atividades relacionadas à saúde e o mercado de turismo e entretenimento.
Fonte: Jornal Brasil Econômico
